sexta-feira, 23 de outubro de 2009

CICLO DAS ESTAÇÕES

Era um dia de manhã.
Chovia forte e eu quis um amor
pra comigo beber água da chuva
pra andar de pé descalço
tomar banho na goteira
fazer barco de papel
que corresse bem depressa
na enxurrada ligeira.

Mas os de guarda-chuva e galocha
disseram não ter sede
e temerem resfriados.

Meio dia fez sol quente
e eu quis um amor.
Pra atravessar comigo o deserto
enfrentar vento e poeira
queimar pé na areia ardente
até chegar nos confins
e ver tudo o que havia lá.

Mas os da sombra e do oásis
quiseram ficar na tenda
tão estreita e tão pobrinha.

A noite estava chegando
e eu só queria dormir.
Mas bateram à minha porta
me chamaram pra sair.
Num barquinho de papel
corri mundo, corri céu
até depois dos confins,
onde guardam chuva fria,
estrela, lua, sol quente
e onde o que chamam de Tempo
é uma palavra somente.
Maria do Mundo.

Um comentário:

  1. Gostei desta. É uma das suas antigas, não é? Não sei porque você demorou tanto pra mostrar....

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