sexta-feira, 23 de outubro de 2009

PARA O HOMEM

Você é lavrador, homem.
No campo pedregoso
da minha maturidade
você lavrou paciente.
Sua mão retirou pedra,
arrancou erva daninha,
feriu-se em cardo espinhento,
juntou mato e folha seca.
Tudo limpo, semeou.
E como o fez sabiamente,
aguardando o tempo certo,
agora
no campo antes inculto,
com o vigor e a intensidade
iguais aos da roseira
que viceja em pleno estio,
desabrocharam insuspeitadas juventudes
e árvores de há muito descuidadas
ostentam orgulhosamente
árvores pejadas de frutos túmidos.
E em troca desse trabalho, homem
e em paga dessa alegria
só posso lhe oferecer
o jardim, a flor, o fruto
e a fresca sombra da árvore
onde possa se abrigar
do calor do meio dia.
Você é mágico, homem.
Das artes dos advinhos
tão antigas quanto o tempo
conhece os encantamentos.
Intui desejos secretos,
aspirações, fantasias
e me dá um circo inteiro
com palhaço, equilibrista
algodão doce, pipoca
elefante, cavalinho
e dá boneca, brinquedo,
arco íris, luz e sol.
E em troca dessa alegria, homem
só posso lhe oferecer
-pra quando a noite vier
e lhe chegar o cansaço -
meu sorriso renovado
e a canção redescoberta
que cantarei docemente
ao lhe ninar em meu braço.

2 comentários:

  1. Criatura dos céus, onde você manteve esses textos guardados?

    Eu já esmiuçei sua casa de alto a baixo e nunca os vi. Nem debaixo dos travesseiros poderiam estar!

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  2. muito bonito este poema. parabens

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